quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vendo o Rio com câncer...

     Olá, pessoas!

     Meio deprê esse título, né? Parece que a cidade inteira está com câncer...mas nem é isso! Apesar de tanto falarem mal da coitada da cidade, ela sempre estar nas manchetes de todos os jornais com notícias nem sempre agradáveis (chacinas, massacres, tráfico, vereadores e seus Jettas...), ela sempre me supreende pelas coisas boas...e é isso: o câncer me fez olhar para minha cidade com novos olhos!

     Ih...ficou doida de novo! Mas que nada...esses dias fez frio aqui no Rio (tá, meninas do Sul...vocês vão rir do meu frio...mas para carioca baixou dos 20oC, é praticamente Sibéria! Não riam do meu gelinho...rs), e choveu...ai, como choveu...a pessoa já estava com aquele cansaço mega-power-plus-platinum pós-QT e ainda ter que ver a cidade cinza, aqueeele barulhinho de chuva...quem disse que me animei a colocar os pés (e a careca!!) para fora de casa??? É ruim, hein? Fiquei aqui, curtindo meu borocoxô com gorros e meias (redator-chefe me disse que eu parecia uma trombadinha...tudo bem, tudo bem...tb te adoro, viu?) e nada de sair de casa!

  
     Até que...hoje o sol abriu!!! "Dia de luz, festa de sol..." E lá fui eu e meu faniquito para a rua! Fiz a 2a QT há exatos 9 dias e já estou me sentindo óteeema...fui fazer o que os médicos (ah, os médicos...faça o que eu digo, não faça o que eu faço!) sempre me recomendaram e eu, o bicho-preguiça-imperial, não fazia: atividade física!! A gente sempre maldiz a sorte que tem, né? Pois bem...moro há algumas quadras da praia de Copacabana...reclamava horrores...é cheia, tem muita gente, até chegar lá tenho que passar por ruas lotadas...mas não é que hoje olhei para ela com outros olhos? Não é que a bichinha é linda mesmo?

     Foi aí que me dei conta...a vida inteira morei perto de praias lindas, sempre adorei ir a todas elas (tá, vou ser sincera...praia em Copa realmente só durante a semana, meio que no desespero de causa...mas isso fica para um outro post, mais "dicas de turismo com câncer", algo assim), mas nunca as olhei como hoje...sempre andei nos calçadões de Copa e Ipanema (morei lá uma vida inteira antes de vir para cá), elas eram bonitas, claro...mas não como se mostraram hoje...

     Assim que desci a Figueiredo, aquele marzão azul se abriu...aquelas pessoas todas, velhinhos em cadeiras de roda, pessoas com dificuldade de andar, pessoas saudáveis, crianças, bebês, turistas (simmm, Marina, as pessoas pagam para conhecer seu bairro, e você reclamando)...todo mundo andando, vivendo...e por que cargas d´água eu estou triste mesmo?? Pois é...passou a tristeza! Aquela gente toda, aquele sol, aquele mar...ai, como é bom viver e poder estar aqui vendo essa cidade que é tão linda...sempre foi, mas só hoje meus olhos enxergaram a beleza real dela...

     Resolvi que ia andar até Ipanema (para quem não conhece o Rio...uma rua liga Copa a Ipanema, ali pelo forte de Copacabana, Arpoador...), afinal, passei minha vida lá...ia me fazer bem rever aquilo tudo com esses meus novos olhos de quem consegue enxergar melhor a beleza das coisas...(aaaai, tô piegas, eu sei...mas eu posso! lalala Eu tenho oncocard! S2 para vocês também!). Passei pelo Parque Garota de Ipanema (nem tem nada demais no pobre, mas estava cheiooo de velhinhos fazendo atividade física e eu tenho fotos minhas muuuito mini-Nininha lá...queria sentir como seria passar por ele de novo! E como fez bem...) e cheguei ao Arpoador...Nossa!! Ali meus novos olhos se encheram d´água (aaaah, não riam...estou sensível! rs). Como aquilo ali é lindo...e eu fiquei uns bons minutos ouvindo música e vendo as pessoas surfando, nadando, mergulhando...o Dois Irmãos...nossa, olhei para ele a vida inteira, mas hoje ele estava diferente..."mudei eu ou mudou o Natal??"

     Mudei eu...a cidade sempre esteve aqui, o sol sempre esteve aqui, o mar...etc, etc...eu que não devia estar aqui!!! Eu que não me permitia curtir as coisas boas da vida...eu que sempre passava por ali com pressa, correndo de um emprego para outro, reclamando do trânsito, da poluição, do barulho...eu que via problema onde não tinha...enfim, o câncer me deu novos olhos...é, quem sabe eu não vou ser uma "Marina mais Pollyanna" (pausa para uma questão importantíssima: a Pollyanna foi à numeróloga? Para que tanto "L" e "N", meu pai do céu?) daqui para frente? E quem sabe isso não é uma forma muuito melhor de se viver??

     Bem, só sei que depois disso...tome de andar no calçadão e ser feliz! "Minha alma cantaaaa..."

     E para completar o clima, vou  colocar uma música...era essa que eu estava ouvindo quando sentei na pedra do Arpoador...se imaginem lá comigo! Bem-vindas! :)  Mil beijos em todas!!!


P.S. recomendo um sambinha para fazer atividade física, viu? Na nossa língua e sempre animado...e com cada letra...lindas! Não tem como desanimar, nem deprimir...Se preferirem algo diferente, tentem Orishas ou Manu Chao também! Um dia ainda coloco aqui minha listinha...(Marcia, sempre seguindo sua orientação: música, sempre!!!)
Mais beijos!



9 comentários:

  1. Sim amiga, o câncer nos faz transplante de zóios, nos enche de sensibilidade, nos amplia os horizontes e nos faz enxergar a vida como ela é, linda e maravilhosa, e vida na cidade maravilhosa?; como não te traria lágrimas nos olhos, para cada coisa que a gente olha e esteve sempre ali e voce revê, é um momento de oração, de agradecimento por poder vivenciar , viver, sentir aquilo de novo e de novo, e de novo. Câncer é sentença de vida, basta que a gente faça essa escolha. A escolha pela vida, vida que se escoa em nossa luta, mas pela qual sofremos e fazemos de tudo para merece-la. Por isso tudo fica tão mais belo a nós... Morar a quadras das praias do Rio e reclamar? tem que apanhar uma pessoa desta, eu tenho que viajar no minimo 800 km pra ver uma não tão bela assim ...

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  2. TUDO NA VIDA TEM SEU LADO BOM NÉ!
    O CÂNCER FAZ ISSO COM A GENTE, PRESTAR MAIS ATENÇÃO NOS DETALHES DA VIDA.
    E PASSEAR NO RIO DEVE SER MARAVILHOSO MESMO!!!!!!!!
    VIVA A VIDA!!!!!!!!!!!!
    BJS.

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  3. Marina,
    Brigada pelo passeio pelo Rio! Sem querer ser do contra, mas sendo: câncer não é bom, não abre olhos, não faz a gente melhor ..ôrra nenhuma! A doença tem o "poder" e aí a tese é minha, de fazer o "tempo" parar - este tempo acelerado do mundo capitalista, egoísta, que nos absorve até a alma! Quando nos desaceleramos (a palavra câncer já é um desacelerador de prima) passamos a ter tempo para gente mesma, tempo com qualidade de vida e com possibilidades de aumentar nossas potências humanas: amar, curtir uma canção, um poema, um teatro, livro, um futebol, um por do sol, uma chuva, um frio de 30°, as ondas do mar, os velhinhos, as crianças, um cafuné, um abraço apertado bem demorado e tds as coisas que a gente vai deixando passar pela correria da vida! Slow life, é a oposição européia (uma tentativa de resistência) ao fast life EUA.E quebrando outro mito: o câncer não fez vc olhar e se apaixonar pela sua cidade,(vc sempre amou o Rio e li em seus posts) nem te fez bem! Vc se sentiu assim porque "obedeceu" os médicos, fez uma caminhada,exercícios físicos e liberou umas "inas" (serotonina, endorfina,etc) e OLHA EU ENSINANDO PADRE NOSSO AO VIGÁRIO!KKKK
    Marina, CAMINHAR é bom pois vai limpando nossa mente; no início vc devia estar borocoxô e com ideias malucas martelando o kcção e aposto que nem se lembra o que estava pensando no início da caminhada! Freud explica! He, he, he. Cheega! Falo D+. Bjus. Marina.

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  4. Pois é Marina! Já me senti como vc! Acredite em empatia. A gente... Médico(a) aprende a negar a empatia, mas nunca consegui! Por isso sofro por muitos e por vc, com vc!!! Mas temos a vantagem de reinterpretar esta linda cidade! Que visual ! Que momentos! Aproveite com intensidade e carinho ! Bjs

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  5. Amiga, ver a vida com novo olhos e vivê-la de uma forma diferente da que vinhamos vivendo é uma das oportunidades que o câncer oferece a quem passa por ele. Parabéns por saber aproveitá-la e ensinar tanto à quem convive com vc. Adorei vc filosófica hoje!

    bjs,
    Josy

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  6. Marina,
    Vizinha, tenho acompanhado o seu Blog. Gosto do seu jeito de escrever, vc consegue passar exatamente o que está sentindo com a leveza ou o peso disponíveis no seu momento.
    Mas hoje senti algo especial, fiquei emocionada com a maneira que vc descreveu seu passeio.
    Sou APAIXONADA pelo Rio e faço sempre uma caminhada pelo percurso que vc descreveu.
    Fazer parte destas paisagens me fazem um bem incrível.
    Vou te contar um segredo :
    - Esta cidade esteve sempre aqui, nós que vamos e voltamos.
    Seja bem vinda ! Parabéns pelo Blog !

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  7. Amiga, qdo eu não trabalho de manhã adoro andar na praia. Acho q a caminhada matinal durante a semana tem um sabor diferente do fds. É libertador e revigorante! Aproveite esse momentos acompanhada de uma boa música e qdo quiser a companhia da sua amiga preferida (morram de ciúmes, meninas! rsrsrsrs) às terças estou livre de 15 em 15 dias e sextas à tarde. Bjos

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  8. Que a força do medo que tenho
    Não me impeça de ver o que anseio

    Que a morte de tudo em que acredito
    Não me tape os ouvidos e a boca
    Porque metade de mim é o que eu grito
    Mas a outra metade é silêncio.

    Que a música que ouço ao longe
    Seja linda ainda que tristeza
    Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
    Mesmo que distante
    Porque metade de mim é partida
    Mas a outra metade é saudade.

    Que as palavras que eu falo
    Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
    Apenas respeitadas
    Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
    Porque metade de mim é o que ouço
    Mas a outra metade é o que calo.

    Que essa minha vontade de ir embora
    Se transforme na calma e na paz que eu mereço
    Que essa tensão que me corrói por dentro
    Seja um dia recompensada
    Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

    Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

    Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
    Que eu me lembro ter dado na infância
    Por que metade de mim é a lembrança do que fui
    A outra metade eu não sei.

    Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
    Pra me fazer aquietar o espírito
    E que o teu silêncio me fale cada vez mais
    Porque metade de mim é abrigo
    Mas a outra metade é cansaço.

    Que a arte nos aponte uma resposta
    Mesmo que ela não saiba
    E que ninguém a tente complicar
    Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
    Porque metade de mim é platéia
    E a outra metade é canção.

    E que a minha loucura seja perdoada
    Porque metade de mim é amor
    E a outra metade também.

    A LISTA- OSWALDO MONTENEGRO.

    MMS
    Algumas frases mudaria o tempo verbal,em outras nada acrescentaria.....Pense; as estrofe iniciais são tão duras! Elas tb fizeram parte parte desta história. Digo fizeram ( muaria o tempo verbal),pois hoje os pensamentos que inicialmente não incitavam sonhos , deram lugar a pensamentos e sentimentos de paz. Isto é Nobre! Se olharmos com carinhos para os seus textos , observamos as evoluções deste universo de sentimentos que te invadiram em tão pouco, longo tempo. Isto Tb é nobre! Ousaria terminar a música com mais uma estrofe: A minha verdade que um dia foi sonho , está se aproximando de uma linda realidade. Bjs amiga Te admiro muito.... Alessandra( amil) estou em falta com a visita mas, tenho orado por vc!!!!

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  9. Em tempo o nome da musica é metade! A lista tb é linda......
    Alessandra

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