domingo, 30 de agosto de 2015

Sobre o medo de morrer, insônia e uma vizinha cult...

Olá, pessoal!

     Hoje é sábado, não trabalhei, fui comer meu pain au chocolat no meu cantinho preferido de Copacabana, andei até o Leme, bairro que tem cheiro e memória de infância, e estou naquela dúvida se leio, escrevo, faço o trabalho do curso que estou fazendo ou se passo a noite fazendo ssssshhhhhh para a nova vizinha que acha que só porque ela toma vinho e ouve jazz, eu preciso compartilhar do barulho dela e dos amigos às 23:35... 

                                                         (Minha vizinha pensa assim)

     E o que essa introdução quer dizer? Nada! Resolvi que escrever no blog era o melhor a fazer, até porque estou com a insônia básica que algumas vezes tenho após o Zoladex. Sei lá se é, mas tudo que sinto nas duas semanas seguintes, ponho a culpa nele. Até a vontade enlouquecida de comer Nutella é culpa do Zola (não é o Émile...). E vambora escrever (e fazer sssshhhhhh! No momento ela passou do jazz para Alanis Morissette - uau super cult - uau2 - Alanis foi na numeróloga? Para que tanta letra repetida, senhor?). Volta. 

     Ando pensando muito em morte ultimamente. Não que eu esteja com ideias suicidas, mas porque estava fazendo uma limpa no meu FB e vi quantas meninas tiveram câncer e morreram desde que comecei o tratamento. E, cara dá um frio na espinha pensar que aos 38 você conviveu com tanta gente que já morreu. Isso era para acontecer lá pelos 80 hoje em dia, "carai"... Aos quase 40? Ui...

     E aí tive um papo com um carinha e percebi como ter passado pelo o que eu passei (e passo) me fez ser diferente. E como isso de certa forma impactou na minha vida como um todo. Se foi para pior ou melhor, ainda não concluí, mas vi que não sou mais a mesma.

     Mimimi de fulano não me ligou? Não me convidaram para a festinha? Todos viajam 10x ao ano para Europa/Polinésia/Dubai e eu não fui mais nem para Paquetá? Meu carro vai fazer 4 anos e o pneu está quase careca e o limpador de parabrisa "deu ruim"? Isso realmente não me estressa mais. Ciúme por exemplo, foi um sentimento que foi abolido do meu cardápio de sensações. Foi o câncer? Não. Ele não merece esses louros todos. Mas acho que foi sim, a percepção de que a finitude existe. E ter tido essa clareza aos 33 foi libertador, por pior que tenha sido o susto.



     Já escrevi aqui antes e desculpem se pareço repetitiva, não fiquei louca de ser grata por ter ficado doente. Nunca. Continuo com medo de ter metástase até quando a unha encrava. Todo dia acho que essa tosse/falta de ar é "aaai, pegou o pulmão", mas eu realmente acho que ter tido a chance de nunca mais me preocupar com babaquices aos quase 40 foi algo legal que pude tirar dessa bagaça toda. 

     O medo de morrer ainda aparece. E engraçado, mais ainda quando tem turbulência no avião. Vai ver sempre tive uns medos doidos, e só agora, estou deixando-os aflorar. Ótimo. Quando a gente sabe o que nos amedronta, sabe como encarar. E o câncer até nisso me ajudou. Mas, agradecer, aí não... Fiquei com menos mimimi, mas não maluca. Ou fiquei? :p

     Beijos em todas! Bom domingo. O meu promete. Porque a festinha está animada. E isso é só o começo... Estão discutindo E o Vento Levou ao som de Los Hermanos... A vida sempre pode piorar, viram? rs

     P.S. e até o final deste post eles passaram a fazer mais do mesmo: Ouvindo " Love me, love me, say that you love me..." E discutindo Game of Thrones. É, o lado cult ficou na 2a taça de vinho... Até o fim da noite estarão discutindo o final da novela e ouvindo Anitta (ou Ludmilla... É HOJE!).

P.S2. E enquanto eu dava aquela relida por alto no post, a vizinha de outro andar interfonou e colocou ordem na casa. Isso aqui é Copacabana, pô! Não é bagunça! (Apesar de dizerem o contrário... Vide Reveillon, Shows, Maratonas, Aneis Olímpicos, mas não aqui no Bairro Peixoto! Aqui é respeito. Ou não...)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Viver dá...

Olá, pessoal!

     Tudo bem? Para variar, sumi... Mea culpa, mea maxima culpa. Mas podem reparar, não sou um pontinho fora da curva... Quase todo mundo dá aquele sumiço dos blogs quando acaba o período mais crítico da doença... É triste, é ruim, eu mesma tinha raiva disso, mas... Acontece.

     Acontece, por mil motivos. Porque você dá uma cansada de tantos "oncoassuntos", porque você volta numa de tentar recuperar o tempo perdido, porque você volta ao trabalho e ele acaba te sugando... Enfim, você some. Não é legal. Mas, é o que ocorre na maioria dos casos.

     Hoje, por exemplo, só estou escrevendo aqui, porque tive um semi-piripaque no meu emprego 1 do dia (simmmm, porque médico nesse Brasil varonil tem uns 10 empregos... Mas... Não vou entrar nesse mérito. Não é o foco por aqui...), e vim para casa mais cedo... Não ache que é fácil assim. Foi preciso o piripaque se iniciar ontem, eu trabalhar hoje e ver que não tinha a menor condição de pegar a Dutra, para, cheia de culpa, não ir ao trabalho hoje... E detalhe. Neste emprego estou num processo de adaptação. Que de adaptação não tem nada. Mas, enfim...

     E aí a gente se pergunta. Por que se cobrar tanto? Vejo gente que nunca teve nada de mais grave faltando porque teve um resfriado. Acho que sempre me cobrei e agora, ao invés de relaxar, estou me cobrando ainda mais... E? Nada. Não estou conseguindo mudar isso. Fico devendo... Para 2016...:)

     Outro ponto... Quando estava no meu momento piripaque, vem uma vozinha dizendo... "Você teve câncer, não pode se estressar assim..." - Ô, carai... Se eu me estresso, câncer. Se eu guardo, câncer. Se eu comer alface, cuidado! Agrotóxico! Câncer. Orgânico? Água que lavou a rúcula, tinha hormônios, câncer... Resumindo... Viver dá câncer. E só em mim, né? Você que fuma, pega 3 horas de engarrafamento, come MacDonald´s 2x/semana, não faz uma atividade física, se estressa ouvindo rádio, lendo jornal e vendo TV à noite, está tudo bem, né? Vai virar semente, fof@? Morrer todos vamos, para de me "agourar". Ainda vou virar a "véinha" da foto...



     Resumindo. Vim aqui para um momento-desabafo. Porque vi que não mudei tanto assim depois que fiquei doente. Que a vida voltou a ficar mais ou menos como era antes... Com dois adendos: agora me pelo de medo de ter recidiva, então até unha encravada é motivo de pânico e quando estou no auuuuge do estresse, lembro do cabelo caindo, dos "baldinhos de enjoo" e vejo o que realmente importa. Obrigada por ainda ter esses momentos de lucidez, Senhor. 

     E para as que reclamaram do meu sumiço. Não é por mal. É trabalho demais mesmo.
Obrigada pela compreensão. Volte sempre. 
Beijos!!!

P.S. Um alento para as meninas que estão no meio da "bagaça": sou a prova viva de que a vida volta ao normal...;)